domingo, 18 de abril de 2010

Missionário entre os Ticunas no Amazonas




Frei Paulo Maria Braghini, 34 anos, italiano de Sesona, Província de Varese, é missionário na Aldeia Indígena Ticuna Belém do Solimões, em Tabatinga, AM, Missão dos Frades Menores Capuchinhos da Província do Amazonas. Passando pela Sede Nacional das Pontifícias Obras Missionárias, tomamos um pouco do seu tempo para esta breve entrevista:

SIM: Frei Paulo, como é que o senhor veio parar no Brasil?

Frei Paulo: Até os meus dezenove anos de idade, eu levava uma vida comum, tinha namorada, pensava em me casar, estudar Medicina. Mas naquela época comecei a sentir um forte e insistente apelo de Cristo. Em contato com os missionários do Pime, eu pensava que devesse ir para a Missão na Índia ou na África. Mas certo dia, de repente, senti o desejo de visitar Assis, cidade de São Francisco. Fui sem nenhuma programação, sem nem saber aonde ir...
Chegando lá, um jovem, encontrado no trem, acompanhou-me ao convento dos capuchinhos, que iniciavam um encontro vocacional. O responsável era um frade que trabalhava no Amazonas. Aí o amor foi imediato: vendo a alegria dos capuchinhos, o seu jeito de se vestir, sua vida radical de opção pelos pobres e a característica da fraternidade, não hesitei, e, com muita clareza, descobri a minha vocação. Formei-me em Assis mesmo, até que fui enviado para o Amazonas, e, como primeiro destino, fui morar entre os índios Ticunas.
SIM: E como têm sido estes anos em terras brasileiras?

Frei Paulo: Estou aqui desde 2006, em uma aldeia ticuna, com outros dois frades brasileiros, um baiano e um paraense. Tem sido uma experiência maravilhosa, com muitas dificuldades, muita pobreza, mas com a alegria de percebermos o quando cresceu a confiança recíproca, como somos de verdade uma família com eles.

SIM: Que desafios vocês têm enfrentado?

Frei Paulo: Temos assumimos o desafio da luta contra o alcoolismo, a violência e o suicídio, que tanto atingem a juventude indígena. Assim, criamos muitas atividades com os jovens: cursos de violão, teclado, bateria, marcenaria, panificação, esportes (futebol de salão, vôlei e os esportes deles, arco-e-flecha, zarbatana, coquita...). Organizamos as primeiras olimpíadas indígenas, com índios de todo o Alto Solimões, com mais de 500 atletas índios, de várias etnias.

SIM: Várias etnias?

Frei Paulo: Sim. Visitamos continuamente cerca de 60 aldeias: 50 Ticunas, dez Cocamas e uma Canamari. As dificuldades para estas visitas são grandes: só de canoas e barcos, podendo a viagem levar 12 horas ou mais...

SIM: Como é a relação com cristãos de outras denominações?

Frei Paulo: Também convivemos com outras Igrejas cristãs, colaboramos sempre, numa experiência muito linda.

SIM: Como vai a preservação da cultura indígena?

Frei Paulo: Trabalhar pelo resgate da cultura indígena é um dos nossos desafios. Pensando nisto, promovemos um festival de cultura indígena, com música cantos, instrumentos musicais, danças, pinturas corporais, roupas e mitos, tudo integrado.

SIM: Desde quando os capuchinhos estão presentes entre os Ticunas?

Frei Paulo: Os primeiros contatos com o branco datam do final do século 17. Em 1909 viemos nós, os capuchinhos da Província da Úmbria, na Itália, e, em 1910, foi instalada a Prefeitura Apostólica do Alto Solimões. A atuação dos capuchinhos gerou uma significativa infraestrutura de saúde e educação, visto que Belém do Solimões é hoje uma das maiores aldeias ticunas. Mas a atuação sacramental mais constante dos capuchinhos se deu a partir de 1971, com a criação da, talvez, única paróquia totalmente indígena.

SIM: E o conhecimento da língua portuguesa?

Frei Paulo: Em geral, só os adultos homens conhecem o português. O ticuna é uma língua isolada, tonal, muito diferente de tudo, bastante difícil para nós... Então somos ajudados por tradutores.

SIM: Então como se faz a evangelização?

Frei Paulo: Os índios foram cristianizados, mas só em nível sacramental, sem a compreensão real do Evangelho. Por isto investimos na formação de catequistas índios, que passam a evangelizá-los na língua e cultura deles.

SIM: Eles já têm a bíblia, a liturgia na sua língua?

Frei Paulo: A bíblia ainda não foi bem traduzida para o contexto dos Ticunas brasileiros. A tradução que existe, feita para os ticunas da Colômbia, não é bem compreensível pelos daqui. Quanto à liturgia, temos parte dela em ticuna, mas de forma bastante simplificada...

Fonte: SIM (Serviço de Informação Missionaria) POM

terça-feira, 13 de abril de 2010

Sétimo Encontro da Infância Missionária em Santa Cruz sobre o tema da Missão Permanente

AMÉRICA/BOLÍVIA

Santa Cruz (Agência Fides) – No sábado 17 de abril se realizará o sétimo Encontro da Infância e da Adolescência Missionária da Arquidiocese de Santa Cruz, na paróquia da "Sagrada Família". As atividades serão centralizadas sobre o tema da Missão Permanente, segundo indica o convite publicado pelo coordenador da Comissão para as missões de Santa Cruz, enviado à Agência Fides. O encontro tem como tema “Eu e você somos missionários” e se realizará durante todo o dia 17 de abril. O objetivo é promover um momento de troca de experiências entre os grupos da Infância Missionária a fim de encorajá-los e ajudá-los, além de rezar juntos como discípulos e missionários que refletem sobre temas atuais como a Missão Permanente que é o encontro com Cristo. Os grupos serão divididos por regiões (cada um terá uma cor diferente para se distinguir das outras) e cada participante (crianças e jovens) levarão um lenço ou um pulseira com a cor de sua região. Deste sétimo encontro participarão as regiões de São Lourenço, Virgem de Cotoca, Virgem de Guadalupe, São Paulo, São Tiago Apóstolo, Santa Rosa de Lima e Beato João XXIII. (CE) (Agência Fides, 12/04/2010)

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Encontro Continental dos Diretores Nacionais das POM da América: projetos e iniciativas para o CAM 4, ajuda ao Haiti, o ano de Pauline Jaricot

Orlando (Agência Fides) – Mais de 20 nações do norte e sul da América foram representadas na reunião dos Diretores Nacionais das Pontifícias Obras Missionária (POM) realizada de 15 a 21 de março na sede das POM em Orlando, Flórida (USA) (ver Fides 12/3/2010). No encontro foram discutidos os projetos para o CAM 4 (Quarto Congresso Missionário Americano) e outras questões relativas à animação e à cooperação missionária. Monica Yehle, Diretora do Projeto de Desenvolvimento e Programas do Departamento Nacional das POM nos Estados Unidos, enviou à Agência Fides uma nota sobre o encontro e sobre as principais conclusões.
“Oferecemos também a solidariedade ao povo do Haiti e pessoalmente demonstramos o nosso apoio ao Padre Clarck que estava conosco" – ressaltou Dom John E. Kozar, Diretor Nacinal das POM dos Estados Unidos, que hospedou o encontro. Padre Clarck de la Cruz, Diretor Nacional das POM do Haiti, apresentou aos participantes um breve relatório sobre a situação após o terremoto, e contou suas experiências Padre de la Cruz vivia no seminário no momento do terremoto, o seminário foi destruído e muitos pensavam que ele tivesse morrido. Padre de la Cruz expressou pessoalmente seu agradecimento pelas orações e ajuda oferecida à nação, e pela assistência que durará a longo termo, depois de um estudo atento, por parte as Pontifícias Obras Missionárias.
Uma parte significativa das discussões dos Diretores Nacionais foi centralizada sobre o CAM 4/COMLA 9, que se realizará na Venezuela em 2012. Uma atualização oferecida pelo Diretor Nacional da Venezuela, Pe. Andrea Bignotti, que é também diretor executivo nacional da Comissão Executiva para o Congresso, e pelo Bispo auxiliar de Maracaibo, Dom Castor Oswaldo Azuaje Pérez, OCD, Presidente da Comissão executiva para o CAM 4. Foram dadas informações sobre datas específicas, sobre o alojamento, sobre lugares e sobre temas ligados. Entre os possíveis temas apresentados pela Conferência Episcopal da Venezuela para a revisão por parte dos Diretores Nacionais, estão: a missão "evangelizadora num mundo multicultural"; "discípulos missionários para⁄em Cristo Jesus, para dar vida aos nossos povos", "secularização". Os diretores discutiram estes temas e deram sugestões para a Comissão Organizadora na Venezuela.
No âmbito da semana de trabalho foi também apresentado um relatório sobre os desafios em andamento da Missão Continental, segundo o que foi definido em Aparecida, além das relações sobre atividades em fase de programação e sobre as assembleias regionais que se realizaram em vários países. Padre Timoteo Lehane Barrett, SVD, Secretário-Geral da Pontifícia Obra de Propagação da Fé, participou dos trabalhos da reunião continental e iniciou um debate sobre uma discussão sobre a iniciativa de dedicar um ano à revisão, seguindo o exemplo da fundadora da Pontifícia Obra de Propagação da Fé, Pauline Jaricot. Os Diretores nacionais deram seu consentimento. Muito bem acolhida foi também a apresentação por parte de Padre Lehane, do trabalho e da espiritualidade de Pauline Jaricot, que será traduzido em várias línguas e apresentada por ocasião da Assembleia Geral de maio das Pontifícias Obras Missionárias, que se realizará em Roma. (AR) (Agência Fides 30/03/2010)

A Região Nordeste 2 publica um Manual Missionário: conselhos práticos para apoiar o trabalho de evangelização

Rio Grande (Agência Fides) – A Região Nordeste 2 da Conferência Episcopal Brasileira (Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte) lançou um Manual Missionário. É um livro de bolso de 117 páginas, elaborado como ma ajuda para quem quer agir como missionário. Apresentando o livro, o Arcebispo de Natal (RN) e responsável pela área missionária da Região Nordeste 2, Dom Matias Patricio de Macedo, destacou que o material quer ser “um instrumento para a obra de evangelização”. O pequeno subsídio é dividido em 11 capítulos que tocam os seguintes temas: a missão de Jesus e as missões populares, espiritualidade missionária, a missão na Bíblia, a leitura orante da Bíblia, as visitas missionárias, o exemplo de Maria, os missionários do Nordeste, o ABC do missionário e, enfim, os cantos.
O Vice-secretário da Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e consulente do projeto da Missão Continental no Brasil, padre Ademar Agostino Sauthier, disse que o material elaborado pela Região Nordeste 2 é essencial para “entusiasmar os missionários ou aqueles que querem sê-lo”. O padre frisou ainda a necessidade de um livro de conselhos práticos para ajudar a obra de evangelização. “Muitos precisam de material para trabalhar como missionários e não o possuem. Este livro preencherá esta lacuna e facilitará a vida cotidiana dos missionários” – disse padre Agostino. “O livro contem aquilo de que o missionário precisa para evangelizar: orações, cantos, amor e inspiração em Jesus Missionário do Pai”. (CE) (Agência Fides 31/03/2010)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O Cartaz da Campanha Missionária de 2010


A Campanha Missionária, promovida e coordenada pelas Pontifícias Obras Missionárias, propõe para este ano de 2010 o tema Missão e Partilha, e, como lema, Ouvi o Clamor do Meu Povo (cf. Ex 3,7b).

O tema Missão e Partilha remete à Campanha da Fraternidade deste ano, a qual todo ano buscamos resgatar, com enfoque e dimensão missionária. O lema Ouvi o Clamor do Meu Povo remete ao Êxodo do povo de Israel, e aos muitos “êxodos” dos povos atuais. Também nos remete ao tema da migração, mobilidade humana, do ser peregrinos, lembrando-nos permanentemente que o horizonte da Missão é o mundo, a humanidade no seu todo.
O cartaz traz um fundo verde, sinal de esperança. A Missão alimenta, fortalece nossa fé, esperança e caridade, mantém-nos no caminho da fidelidade a Deus e à humanidade, Povo de Deus (LG 2).

A água remete ao valor e a dignidade da vida como elemento vital para o planeta, onde vive e está inserida a humanidade. Aqui, especificamente, remete-nos à realidade amazônica, com sua rica biodiversidade. Lembramos que a última semana do outubro, dedicada à Amazônia, vem inserida no contesto do Mês das Missões.

O barco remete à figura bíblica da Igreja Peregrina que “navega” pelos mares da história da humanidade. Nela se destaca a figura de Jesus Cristo. É Ele quem dá segurança: “Não tenham medo... Avancem para águas mais profundas!” (cf. Mt 4,18). Ao mesmo tempo aponta para o horizonte amplo e universal da Missão, que é o mundo, a humanidade. A Missão não tem fronteiras!

Destaca-se ainda a figura dos índios, etnias vivas e presentes na realidade amazônica, do Brasil e de outros países. Povos que nos acolheram, abrindo-se à Boa-Nova do Evangelho, e que precisam ser respeitados e valorizados, como portadores de valores evangélicos já presentes, quais “sementes do Verbo Encarnado” que estabeleceu morada definitiva junto à humanidade e que, portanto, chegou lá muito antes que o missionário. Contudo, este poderá, sim, ajudar no processo de explicitação da Verdade e Pessoa de Jesus Cristo, como nosso Senhor e Salvador, já atuante e presente na história salvífica da humanidade.



Brasília, 25 de março de 2010.



Pe. Daniel Lagni
Diretor Nacional das POM do Brasil