Aqui, em Palmas, ultimamente, só se respira missão. Durante o processo de preparação para o 3º Congresso Missionário Nacional, convencionamos chamar Palmas de “Casa da Missão do Brasil”. É que todos os caminhos missionários do Brasil apontam para Palmas. Conseguimos, mesmo às duras penas, colocá-la no mapa da missão. Agora, na reta final da contagem regressiva, faltando apenas três dias para a abertura do referido Congresso - tempo de respiro, de suspiro e de transpiro -, vamos agora trabalhar com outra imagem: “Palmas, pulmão missionário do Brasil”.
Perdoe-me a minha ignorância, mas concretamente, não me recordo de alguém que já comparou a missão da Igreja como a de um pulmão no corpo da maioria dos vertebrados. Paulo falou do corpo (1Cor 12,12). Santa Teresinha disse que a Igreja tem um coração e que este coração é o amor. Se alguém ainda não fez esta comparação, a faço agora, com toda liberdade e humildade. Como o pulmão, principal órgão do aparelho respiratório, a missão exerce, na Igreja, função semelhante. Assim como acontece com o pulmão no corpo, a Igreja respira e vive com o pulmão da missão. A missão oxigena, filtra, purifica, elastece, dilata e faz circular os bens da salvação para o pleno funcionamento do corpo eclesial.
Das quatro notas ou propriedades da Igreja - a unidade, a santidade, a catolicidade e a apostolicidade – embora, nesta ordem, venha no último lugar, a apostolicidade é a sua primeira nota: a Igreja é una na missão, santa na missão, católica na missão e apostólica na missão. A Igreja existe em função da missão; caminha com os pés da missão; fala com a língua da missão; pensa com a teologia da missão; age com as mãos da missão; ama com o coração da missão; se alimenta com o pão e o vinho da missão; se posiciona e se direciona com o “GPS” da missão; navega, se conecta e se comunica com a “internet” da missão; e enfim, respira, suspira e transpira com o pulmão da missão.
O ar puro, limpo e sadio da harmonia, da sintonia e da unidade, proveniente do sopro da vida do Espírito Santo, que renova a face da terra, passa por este pulmão chamado missão. Para percorrer o mundo e cumprir o mandato missional de Jesus: - “como o Pai me enviou, assim eu vos envio” (Jo 20) -, a Igreja precisa deste pulmão limpo, sadio e em pleno funcionamento. Neste sentido, assim se expressou recentemente o papa Bento XVI: “o dinamismo missionário vive - e vive somente - se existe a alegria do Evangelho, se estamos na experiência do bem que vem de Deus e que deve e quer se comunicar”.
Esperamos que o sopro de vida do Espírito Santo inspire a Igreja a sair deste Congresso, em Palmas, para o Brasil, sem fronteiras, respirando um novo ar missionário.
*Dom Pedro Brito é arcebispo de Palmas e presidente da Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB
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