quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Deus é amor, mas muitos cristãos amam-no como fariseus



Colocar em prática, todos os dias, a Lei do Evangelho liberta o cristão do perigo da "falsa religiosidade". Esse é o sentido das palavras pronunciadas ao meio-dia deste domingo por Bento XVI, na alocução que precedeu a oração do Angelus, conduzida pelo pontífice na residência pontifícia de Castel Gandolfo.
Na saudação em francês, o papa expressou a sua alegria em visitar o Líbano, cuja viagem apostólica internacional está programada para os dias 14 a 16 deste mês.

Ficar em paz com a consciência concedendo a Deus algumas palavras de superficial devoção para, na realidade, depositar a própria confiança naqueles interesses pessoais que são as verdadeiras "divindades" de muitos, inclusive cristãos. Essa é uma tentação humana antiga quanto à relação entre Deus e o homem, observa o Pontífice.

Nas palavras que antecederam a oração mariana, Bento XVI fez tal observação relendo algumas passagens da liturgia deste domingo, dedicada ao tema da Lei de Deus. Ela – frisou – coincide com a própria Palavra de Deus, que liberta o homem de seus egoísmos e o introduz "na 'terra' da verdadeira liberdade e da vida":

"Por isso na Bíblia a Lei não é vista como um peso, uma limitação que oprime, mas como a doação mais preciosa do Senhor, o testemunho de seu amor paterno, da sua vontade de estar próximo de seu povo, de ser seu Aliado e escrever com ele uma história de amor."

Não haveria nenhum problema se o coração do homem estivesse em sintonia com Deus. Mas muitas vezes não é assim, e o papa tomou como exemplo o que aconteceu com o povo judeu do Antigo Testamento, quando sai do exílio no deserto, mesmo acompanhado pela Lei divina que Moisés exorta com força a colocar em prática:

"Eis o problema: quando o povo se estabelece na terra, e é depositário da Lei, é tentado a recolocar a sua segurança e a sua alegria em algo que não é mais a Palavra do Senhor. Recoloca-as nos bens, no poder, em outras 'divindades', que na realidade são vãs, são ídolos."

É claro, Deus não é colocado de lado, observou em seguida o pontífice. A sua Lei "permanece, mas já não é a coisa mais importante, a regra de vida". É o que no Evangelho Cristo censura nos fariseu, para os quais a Lei divina tornou-se outra coisa:

"Torna-se, sobretudo, um revestimento, uma cobertura, enquanto a vida segue outros caminhos, outras regras, interesses muitas vezes egoístas individuais e de grupo. E assim a religião perde o seu autêntico sentido, que é viver na escuta de Deus para fazer a sua vontade, e se reduz a prática de usos secundários, que satisfazem, sobretudo, a necessidade humana de sentir-se tranquilo diante de Deus. Esse é um grave risco de toda religião, que Cristo encontrou em seu tempo, mas que, infelizmente, pode verificar-se, também no cristianismo."

Após a recitação do Angelus, Bento XVI dirigiu-se em cinco línguas aos presentes reunidos no pátio interno da residência pontifícia de Castel Gandolfo. De fato, em francês dirigiu uma saudação especial aos libaneses presentes, assegurando-lhes "as suas orações" e a sua "alegria" em visitar daqui a alguns dias o País dos Cedros. Dentre as saudações particulares, o papa felicitou os casais de esposos que festejam 25 anos de matrimônio.

Bento XVI concedeu, a todos, a sua Bênção apostólica.
Fonte: Rádio Vaticano

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