quarta-feira, 18 de abril de 2012

Chegando para Missão Ad Gentes na África...


 
“Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho
a toda criatura. Aquele que crer e for batizado
será salvo”(Mc 16,15-16*Festa da Ascensão).    

Dia 08 de março do corrente ano, às 14h e 30min, desembarquei no Aeroporto de Nampula, norte de Moçambique, África. Esse continente, berço da humanidade, acolhia mais um dos inúmeros missionários que no decorrer dos últimos séculos por aqui têm ancorado. Venho pelo Evangelho. Todavia, não chego sozinho: estou a serviço de um projeto da Igreja no Rio Grande do Sul. Então, não estou só: nós estamos aqui. A Missão é de todos nós Católicos gaúchos. Mesmo separados pela distância física, devemos estar em comunhão nessa Missão além fronteiras tão especial à Igreja.
Desembarco no solo da África com estes objetivos: servir e aprender. Como cristão e padre me coloco a serviço desse povo tão sofrido, espoliado e explorado, no passado e nos dias de hoje. Nós brasileiros sabemos da gigantesca dívida social que temos para com nossos irmãos africanos. Também nós, na época da escravidão legal, sugamos essa gente. Particularmente, carrego o desejo de aprender esse jeito de ser Igreja na África. De modo particular, aqui em Moçambique onde se vive uma Igreja radicalmente ministerial. Uma multidão de leigos comprometidos, especialmente na catequese e na animação das comunidades. Gerando e mantendo um dinamismo eclesial impressionante e encantador.
Igualmente, aspiro aprender a dialogar na convivência pacífica e respeitosa com os muçulmanos, pois eles formam a grande maioria dos habitantes: mais de setenta por cento. Por exemplo, na vila onde moramos existe várias mesquitas. Os cristãos aqui residentes são a minoria e até esse momento não há clero nativo em número suficiente para atender a animadores e comunidades. Por isso, ainda é necessária nossa presença junto a eles.
Por enquanto, estou me situando no contexto cultural e pastoral. Convivendo com as pessoas e ouvindo suas histórias. Temos inúmeros momentos para isto, especialmente nas reuniões em comunidade (são quase 150); nos encontros de animadores e pastorais; na preparação aos Sacramentos (levados bem a sério pelos catequistas e Equipe Missionária); nos eventos diocesanos e da região pastoral; na acolhida alegre do povo e no cotidiano cheio de particularidades dessa gente simples e encantadora.  A comunicação com as pessoas ainda é um grande desafio para mim. A língua portuguesa é a oficial, mas nosso povo fala e celebra em macua. Por isso, já estou tendo aulas e aprendendo a me comunicar na língua nativa.
Padre Rodrigo, da Diocese de Osório, e eu, da Arquidiocese de Porto Alegre, residimos na casa da missão em Moma, província de Nampula em Moçambique. Somos padres Fidei Donum do projeto Igreja Solidária do Regional Sul 3 da CNBB. Conosco na Missão, espalhadas pelo vasto território de nossas duas paróquias, convivem algumas religiosas brasileiras igualmente comprometidas com a causa missionária. Pois, embora o jeito de ser dessa gente possua valores maravilhosos, devemos fazer com que o Evangelho de Cristo ilumine e purifique sua cultura.
Os desafios são grandes. Mas, estou muito bem e feliz. Tenho certeza que Deus me chamou para estar aqui. Agradeço a Igreja pelo presente e pela confiança que depositou em mim ao me confiar missão tão Evangélica. Confesso que me sinto pequeno e às vezes assustado. Por isso, conto com a oração de todos na Missão que é nossa. Estamos em comunhão.
Kòxukhuru (obrigado).
Padre João Carlos Andrade da Silveira
Missionário Fidei Donum em Moçambique – África

Moma, 12 de abril de 2012.

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