terça-feira, 9 de agosto de 2011

ÁFRICA/SOMÁLIA - "A situação é trágica, mas a pressão midiática recorda a que precedeu a "Restore Hope" - diz Dom Bertin

Mogadíscio (Agência Fides) - "Pergunto-me se a estratégia dos Shabab é provocar a retirada para que as ajudas humanitárias cheguem a Mogadíscio e o grupo volte para roubar parte delas, ou se sua cúpula sentiu a forte pressão internacional, especialmente da mídia, que apresenta os Shabab como inimigos de seu povo, e decidiu abandonar provisoriamente o cenário somali". Em conversa com a Agência Fides, Dom Giorgio Bertin, Bispo de Djibuti e Administrador Apostólico de Mogadíscio, comenta a repentina retirada das milícias Shabab de Mogadíscio, capital da Somália, fortemente abalada pela guerra civil e pela seca que provocou esta gravíssima situação humanitária.
"A terceira hipótese é que haja em nível internacional a intenção de intervir militarmente na Somália. Esta forte visibilidade da Somália na mídia internacional me recorda os anos 1991-92, quando houve uma ampla campanha midiática que precedeu a operação "Restore Hope" (1992-94)" - acrescenta Dom Bertin.
O Bispo de Djibuti não nega que "o problema da seca no Chifre da África seja real. Desde abril, nós estamos nos ocupando do problema. O número de somalis que se movimentam para o Quênia, a Etiópia e ultimamente, também para Mogadíscio, indica que a crise é dramática. É preciso, portanto, uma intervenção de emergência. Toda esta insistência no campo da mídia em definir a Somália o centro da crise alimentar no Chifre da África faz surgir a dúvida de que haverá uma intervenção militar humanitária".
"Todavia, nossas fontes na Somália indicam que a situação é efetivamente trágica" - conclui Dom Bertin.
(L.M.) (Agência Fides 8/8/2011)

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